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Engajar a família do estudante é essencial na aprendizagem da leitura
O estudante dos anos iniciais que já se apropriou de práticas de leitura possui maior autoestima e mostra-se capaz de estabelecer uma relação criativa e lúdica com os objetos e o mundo à sua volta. Essa transformação pela qual a criança passa é uma das grandes motivações da gestora escolar Antonia Luzimar de Brito, em seu trabalho com a alfabetização na Escola Estadual Apolônio Alves da Silva, no município de Ibimirim, Pernambuco.
Mas qual é a melhor forma de construir essa ponte para que a criança consiga atravessar de um estágio ao outro? Dentre muitos pontos que devem ser destacados, Antonia nos chama a atenção para um fundamental: o fortalecimento da relação da escola com a família do estudante.
Iniciando uma relação exitosa com as famílias
Para engajar as famílias no processo de ensino e aprendizagem, a Escola Estadual Apolônio Alves da Silva realiza encontros para compartilhar o desempenho dos estudantes com seus familiares e responsáveis. São conversas dotadas de muita sinceridade e cuidado, afinal, o caminho não pode ser jamais o da cobrança e da culpabilização.
O objetivo é colocar o outro lado a par da situação do estudante, para que seja possível estabelecer uma relação transparente e de cooperação no processo de alfabetização. Por isso, nesse tipo de conversa, quatro tópicos não podem ser deixados de lado: Onde a criança se encontra? Aonde ela precisa chegar? O que a escola fará para alcançar esse objetivo? E, por fim, como a família poderá ajudar nesse processo?
As três primeiras questões cabem à escola responder aos pais ou responsáveis da criança; já a última pergunta deve ser debatida com bastante cautela, para que seja possível identificar o que está ao alcance da família e chegar a um acordo. Cada criança vem de um contexto diferente, que diz respeito ao perfil socioeconômico e à escolaridade da família. Por isso, é importante apresentar, ao pai, à mãe ou ao responsável, propostas simples e flexíveis.
A partir dar, deve-se firmar um compromisso coletivo, cujos resultados serão acompanhados por professores, coordenação pedagógica e gestão escolar. A relação amistosa e honesta deve manter-se entre os dois lados, independentemente se os objetivos estão sendo alcançados ou não. O que deve mudar são apenas os caminhos adotados caso não rendam os resultados esperados.
Levando a leitura para dentro da casa dos estudantes
A quase 300km de distância de Ibimirim, encontra-se a cidade de Limoeiro. Lá, a gestora Lindacir Bezerra de Melo, da Escola Municipal Professor Antônio de Souza Vilaça, também busca promover uma relação mais próxima os familiares de seus estudantes.
Como fazer com que a criança continue a aprender e a se desenvolver dentro de casa, principalmente nos seus primeiros anos escolares, nos quais é esperada a aquisição de habilidades e conhecimentos de leitura? Nesse sentido, a escola Antônio de Souza Vilaça conseguiu apresentar um caminho interessante, por meio do projeto Mágica da Leitura.
Embora receba esse nome, a proposta do projeto, como ressalta a Lindacir, era bastante simples e fácil de ser executada.
- Três vezes por semana, uma criança da turma de alfabetização era sorteada.
- Essa criança ganhava um chapéu e uma capa de mágico e levava para casa uma sacolinha com livros e ficha de leitura.
- O momento da leitura ocorria dentro de casa, em família. A criança deveria responder a algumas questões, como título do livro, nome do autor e os personagens principais, além de escrever um pequeno resumo e/ou desenhar uma ilustração sobre a estória.
- Depois, em sala de aula, o estudante fazia o reconto do livro e compartilhava com a turma a experiência da leitura em sua casa.
- Para a Culminância do Projeto, a professora ou o professor da turma escolhia um livro trabalhado e apresentava a toda a comunidade escolar, de forma lúdica e divertida.
O Mágico da Leitura foi vivenciado por três anos. Após esse período, considerou-se que o seu propósito fora atingido, de modo que foi substituído por novas práticas de incentivo à leitura.
As propostas aqui apresentadas não são as únicas para se estabelecer uma relação mais próxima com as famílias dos estudantes durante a etapa de alfabetização. Mas são exemplos bem-sucedidos que podem embasar a inspirar o trabalho de outros gestores e professores como você. Caso queira replicá-las em sua rede ou escola, não deixe de considerar os contextos e as especificidades de onde você atua. Bom trabalho!